Jardim medicinal: plantas medicinais no seu quintal

Cerca de 30% dos fármacos (substância base de um medicamento) de remédios industrializados presentes nas prateleiras de farmácias, usam de base compostos extraídos de plantas medicinais. Cientistas instigados pelo conhecimento indígena e sua medicina ancestral, desenvolveram medicamentos que vão de anti-inflamatórios a remédios para o tratamento do câncer.

Com a possibilidade de cultivarmos algumas espécies em nosso quintal, ou até mesmo em vasos, o jardim medicinal pode não só tratar diversos problemas cotidianos de saúde, como também prevenir que esses problemas aconteçam utilizando das plantas que ali estão.

Colocando em prática

Um jardim convencional tem como prioridade a beleza presente principalmente nas flores e plantas ornamentais, mas o jardim medicinal é aquele jardim que além de lindo tem como intenção o cultivo de principalmente plantas medicinais.

Na cidade de Sertãozinho, no interior de São Paulo, um jardim do tamanho de um campo de futebol conta com mais de 300 variedades de ervas medicinais

Um jardim medicinal com variedade de plantas, solo fértil e um bom acesso à luz, fará com que elas se ajudem entre si no crescimento e a combater insetos e doenças.

É de extrema importância estudar sobre as plantas que você irá cultivar para que seu jardim medicinal seja seguro e eficaz. E para facilitar nesse processo, selecionamos aqui 5 plantas medicinais para que você comece hoje mesmo o seu jardim medicinal.

5 plantas para seu jardim medicinal

Hortelã (Mentha spp., Lamiaceae)

Existem diversas espécies do gênero Mentha, cultivadas e espontâneas, que podem serem plantadas em nossos jardins.

Cultivo

Preferencialmente em lugares a meia sombra, não tolerando períodos prolongados de seca.

Uso popular

O uso interno da infusão preparada com as partes aéreas da hortelã-pimenta é empregado para anemia, cólica menstrual, prostatite, cálculos da vesícula, icterícia, palpitações, tremores, diarreia, como calmante e para combater vermes, sendo que neste último caso, é preparada com leite.

É considerada uma planta digestiva, vermífuga, emética, tônica e carminativa. Usada no tratamento de sintomas gastrintestinais, como meteorismo epigástrico, digestão lenta, eructação (arrotos) e flatulência, além de resfriados, dores de cabeça e musculares.

O uso externo da infusão é realizado em ferimentos e contusões na pele, bem como em bochechos nas dores de dente, garganta, e em inflamações da boca e gengiva.

Modos de uso

Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 6 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Tintura: 20 gramas das folhas rasuradas para 100 ml de álcool etílico 70% e armazenar em vidro escuro protegido da umidade e da luz. Tomar 2 a 3 ml da tintura, diluídos em 50 ml de água, duas a três vezes ao dia. A indicação dessa tintura é como auxiliar no alívio dos sintomas dispépticos e como antiflatulento.

Cuidados de uso

Esta espécie pode apresentar interações com medicamentos para anemia. Evitar o uso interno em gestantes, lactantes e em crianças menores de 04 anos. O uso da tintura ou do óleo essencial das espécies de Mentha é contraindicado para pessoas com cálculos biliares e obstrução dos ductos biliares, danos hepáticos severos e durante a lactação

Alecrim (Salvia Rosmarinus L., Lamiaceae)

O Alecrim é uma planta herbácea, perene, aromática, amplamente cultivada em hortas domésticas.

Cultivo

Deve ser preferencialmente realizado em lugares com bastante incidência de sol.

Uso popular

Planta amplamente utilizada na medicina popular, como condimento alimentar, para afastar insetos, em distúrbios menstruais, alívio de tosse, como antiespasmódico, analgésico, diurético, tônico, calmante, alívio de flatulências, problemas hepáticos, problemas renais, distúrbios estomacais, dores de cabeça, bronquites e asma

Usado externamente para lavagem de feridas, afecções do couro cabeludo e em banhos para dores musculares e articulares.

Modos de uso

Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 2 vezes ao dia por no máximo duas semanas. 

Uso externo: sob a forma de óleo, pomada ou banho de imersão pode ser usado em casos de caspa e calvície e para realização de compressas para feridas e eczemas. 

Uso tópico: aplicando diretamente na área afetada até três vezes ao dia no caso de eczemas e uma vez ao dia, em casos de feridas.

Tintura: na proporção de 1:5 em álcool 70% e 1:10 em álcool 90%. Deixar armazenado em garrafa de vidro e em local escuro por no mínimo 15 dias e utilizar para uso tópico na forma de compressas com auxílio de um algodão ou pano limpo para alívio de dores reumáticas, artralgias e contusões.

Cuidados de uso

Não utilizar infusão ou óleo essencial em gestantes, lactantes e crianças menores de 4 anos. O banho é contra indicado em situações onde há ferimentos extensos, doenças de pele agudas de causa desconhecida, doenças infecciosas e pessoas em estados febris.

Não usar em pessoas com histórico de convulsões. Doses acima das recomendadas podem causar nefrite e distúrbios gastrintestinais. Não usar em pessoas alérgicas ou com hipersensibilidade ao alecrim. Não usar em pessoas com hipertensão.

Capim-cidreira (Cymbopogon citratus, Poaceae)

O capim-cidreira ou capim-limão é uma planta herbácea, aromática, perene, formando touceiras compactas e cespitosas, com folhas com tamanho de 60–100 cm de comprimento.

Cultivo

Pode ser realizado em locais com incidência direta do sol.

Uso popular

A infusão das folhas é utilizada como calmante, digestiva, febrífuga, antiespasmódica, diurética, depurativa do sangue. Utilizado ainda para sintomas relacionados à pressão alta, problemas nervosos, má digestão, enjoos e diarréia. Esta planta é muito usada pela população em casos de insônia, gripes, resfriados e dores de garganta.

Modos de uso

Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas. 

Cuidados de uso

Evitar o uso em gestantes, lactantes e crianças menores de 6 anos. O infuso deve ser filtrado para evitar ingerir os microfilamentos da planta. Contraindicado em úlcera; pode provocar gastrite e azia em pessoas sensíveis. Existe a possibilidade de interação sinérgica com sedativos devido ao seu uso como remédio ansiolítico.

Manjericão (Ocimum americanum L., Lamiaceae)

O manjericão é uma planta herbácea, perene, bastante aromática, com flores de cor branca. 

Cultivo

Pode ser facilmente propagada por estacas produzidas a partir dos seus ramos em locais com incidência direta do sol ou a meia sombra.

Uso popular

A infusão preparada com as folhas é usada na medicina popular por suas propriedades carminativas, estimulante do apetite e antiespasmódica. O infuso é também indicado para tosses, catarros, coqueluche e em casos de rouquidão como chá adicionado à gemada.

O uso externo da infusão é relatado para casos de frieira e também para banhos corporais. O chá é usado, na forma de gargarejo, em inflamações da garganta e aftas, bem como na preparação de compressas para feridas.

Modos de uso

Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 6 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Uso externo: Tintura preparada com as folhas na proporção de 1:10 em álcool 70% e 1:5 em álcool 90%. Deixar armazenado em garrafa de vidro e em local escuro por no mínimo 15 dias e utilizar para uso tópico na forma de compressas com auxílio de um algodão ou pano limpo para alívio de dores reumáticas, artralgias e contusões. A tintura, na concentração de 10%, pode ser incorporada em pomadas utilizadas para cicatrização de feridas.

Cuidados de uso

Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas o seu uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso. Deve ser evitado o uso interno na gestação, lactação e em crianças menores de 04 anos.

Babosa (Aloe sp., Asphodelaceae)

A babosa é uma planta herbácea, xerófita, suculenta e sem caule.

Cultivo

Não exige muita água e sua propagação ocorre por separação de brotos laterais.

Uso popular

Planta muito utilizada na medicina popular em todo o mundo como cicatrizante em casos de queimaduras, lesões na pele, como “hidratante” da pele e cabelo, nas hemorróidas e para gastrite. A espécie Aloe arborescens é usada pela população para o tratamento de câncer, sem evidência científica.

Modos de uso

Aplicar sobre a área afetada a mucilagem removida da parte interna da folha após remoção dos espinhos com auxílio de uma faca. Para lesões do couro cabeludo a mucilagem pode ser acrescentada à polpa de um abacate para a aplicação direta no local da lesão. Uso do gel ou como supositório (pedaço da mucilagem deixado no congelador) aplicado diretamente na hemorróida.

Cuidados de uso

Evitar uso interno em gestantes, lactantes e crianças menores de 6 anos. Devido à presença de antraquinonas, que conferem o sabor amargo a planta, o uso interno é contraindicado. A ingestão de pequenas doses deve ser feito apenas quando a mucilagem não apresentar o sabor amargo demonstrando a ausência desses compostos.

O uso da babosa em alimentos ou em bebidas é vedado pela Resolução 5.052/11 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

O nosso já está funcinando!

No Laboratório Terra Orgânica, nossa central modelo de Compostagem Comunitária, nós possuímos todas essas espécies disponíveis para você ver, conhecer e fazer uso caso seja necessário. Conheça mais sobre o projeto na aba Pontos de Entrega.

Quando falamos em plantas, não podemos esquecer que tudo começa na terra. Cuide do seu espaço, produza terra boa compostando seus resíduos orgânicos, ajeite seu jardim, traga vida e saúde para o seu entorno plantando espécies que contém, além de beleza, funcionalidades no cuidado de sua família. Até breve.

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